Santa Catarina tem a menor proporção de jovens que nem estudam e nem trabalham no Brasil

Foto: Marco Favero / Arquivo / SECOM GOVSC

A parcela de jovens catarinenses entre 14 e 24 anos de idade que não estudam e que estão fora da força de trabalho ou estão desocupados é de 10,6%. Esse resultado posiciona Santa Catarina como o estado com o menor índice de “nem-nem” do país. O resultado é significativamente menor que a média nacional, de 17,3%, sinalizando uma boa estratégia de inclusão de jovens no mercado de trabalho de SC. 

Os dados sobre os “nem-nem” em Santa Catarina são inéditos e foram gerados pela Diretoria de Políticas Públicas da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan). Para tanto, foram feitos cruzamentos e análises pormenorizadas dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). O estudo tem como base os dados divulgados pelo IBGE em fevereiro de 2025. 

A expressão “nem-nem” refere-se à denominação inglesa NEET: Not in Education, Employment, or Training. Em tradução literal, significa que a pessoa “não estuda, não trabalha, e não está em formação”. A expressão caracteriza os jovens que por algum motivo se encontram fora do mercado de trabalho e fora do sistema educacional.

Cabe ressaltar que a qualificação e inserção dos jovens no mercado de trabalho é uma preocupação que atravessa as esferas estaduais, nacionais e internacionais. Uma alta proporção de população “nem-nem” pode significar que a juventude não está se qualificando para trabalhos futuros e também não está adquirindo experiência de trabalho no presente. Isso pode comprometer a inserção do jovem no mercado de trabalho, principalmente em relação a postos que requerem mais qualificação e, consequentemente, oferecem melhor remuneração.

Atenção internacional

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que, globalmente, 20,4% dos jovens não estudam, não trabalham e não estão em programas de qualificação profissional. Na América Latina, esse percentual, apesar de alto, apresentou leve queda entre 2019 e 2023, passando de 21,3% para 19,6%. Quando estratificados, os dados da OIT revelam que dois de cada três jovens “nem-nem” são mulheres.

No Brasil, de acordo com os dados da PNAD Contínua, o percentual de “nem-nem” registrou queda de 18,3% para 17,3% entre o quarto trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2024. Já em relação aos dados estratificados, Santa Catarina segue a tendência internacional. O estado apresenta 63,5% de mulheres que não estudam e nem trabalham e 36,5% de homens na mesma situação, entre a juventude “nem-nem” pesquisada.

A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE sobre 2023 revela os principais fatores que levam os jovens brasileiros à condição de “nem-nem”, conforme quadro anexo.

Panorama catarinense

A análise demográfica dos dados revela que 65,3% da população “nem-nem” se identifica como branca. Já 33,8% se identifica como preta ou parda e 0,88% como indígena. Esses índices têm estreita relação com o número populacional do estado com idade entre 14 e 29 anos.

Entre o quarto trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2024, Santa Catarina registrou pequeno aumento no percentual de jovens “nem-nem” entre 14 e 24 anos. Ou seja, o índice cresceu de 10,2% para 10,6%. Esse desempenho é o melhor alcançado no território nacional, seguido pelo Distrito Federal (10,7%) e pelo Rio Grande do Sul (11,6%).

“A geração de micro dados como os relacionados aos jovens no mercado de trabalho em Santa Catarina é essencial para traduzir a realidade socioeconômica local”, declara o Gerente de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas da Seplan, Pietro Aruto. Ele pontua que, ao cruzar os dados de forma detalhada, é possível compreender o cenário catarinense, os motivos desencadeadores e as possíveis ações estratégicas que o Governo pode adotar.  

Outro dado significativo em Santa Catarina diz respeito ao percentual de 5,4% de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos de idade. O índice é o terceiro menor do país, atrás apenas de Mato Grosso (4,7%) e Paraná (5,3%).

Educação básica, técnica e profissional

O Secretário de Estado do Planejamento, Edgard Usuy, ressalta que os resultados em Santa Catarina evidenciam o sucesso das políticas públicas implementadas no estado para diminuir o índice de jovens que não estudam e não trabalham, promovendo mais oportunidades e inclusão social. “A média catarinense de jovens desocupados é de 5,4%, o que representa uma superação positiva de 58% em relação à média nacional de 12,9%”, Usuy reforça. Ele salienta, ainda, que o Governo analisa a questão dos jovens de forma humanitária e estratégica, visto que muitos deles enfrentam desafios sociais e econômicos. Nesse sentido, Edgard Usuy esclarece que o Estado soma esforços para fortalecer a educação básica, técnica e profissional. Assim, SC busca a formação integral dos jovens, além de apoiar a melhoria do mercado de trabalho como um todo.

José Carlos Goes

Sou locutor. Atuei em várias emissoras de rádio em Blumenau por quatro décadas. Atualmente trabalho na Massa FM de Blumenau e mantenho esse blog. Sou jornalista. Trabalhei em vários jornais impressos. Sou blogueiro.

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