Acompanhe o julgamento do réu acusado pela chacina na creche Cantinho Bom Pastor

 

Foto/Reprodução/CBMSC

Veja o resultado do júri aqui:

ABAIXO PRINCIPAIS MOMENTOS NO TRIBUNAL DO JÚRI:

 O filho da testemunha é um dos sobreviventes do ataque. A criança estava com 3 anos no dia do ataque.

Durante os depoimentos, Kátia Kruger, mãe de um dos sobreviventes de três anos, contou sobre o impacto do ataque em seu filho. “Ele estava muito assustado, mas feliz por estar com a gente. Nós também ficamos felizes por estar com ele, mas tristes pelas famílias que perderam seus filhos”, afirmou Katia. Ela descreveu como seu filho inicialmente pensou que o ataque era uma brincadeira, e como teve que passar por uma readaptação gradual para retornar à creche.

“No começo ele falava com bastante frequência sobre o que aconteceu, ele fez acompanhamento psicológico, ele tinha medo de voltar para a creche, nós explicamos que o muro da creche estava maior, ele falou que o autor ia colocar uma escada”, afirmou.

 

O delegado Rodrigo Raitez iniciou seu depoimento apresentando os detalhes do ataque. Segundo Raitez, o réu saiu de sua residência às 8h03 de moto, visitou várias escolas e academias antes de chegar à creche Cantinho Bom Pastor por volta das 8h46. Lá, ele pulou o muro de aproximadamente 1,80m com um machadinho e atacou as crianças, golpeando-as em um intervalo de 20 segundos.

O objetivo do réu era matar cerca de 30 crianças. Ele pretendia aguardar a chegada da polícia e se matar, mas, ao ouvir gritos, se assustou e fugiu. Após o ataque, o réu quebrou o pedal da moto e dirigiu até um posto para comprar um cigarro e uma água antes de se entregar no batalhão da PM. A polícia estima que o tempo total desde que ele saiu de casa até sua entrega foi de 1h05, percorrendo cerca de 22 km.

Motivações e antecedentes

O delegado também destacou que o réu havia pesquisado sobre machados e discutido o assunto com um amigo 21 dias antes do ataque. O réu, que era usuário de anabolizantes, cocaína e álcool, pretendia ganhar fama e ser lembrado pelo crime, afirmando não se arrepender, pois alcançou seu objetivo. Ele se mostrava “calmo, frio e sem apresentar nenhum tipo de remorso” durante os depoimentos.

Além dos Promotores de Justiça, cinco advogados contratados pelas famílias, participam do julgamento. Foto/MPSC


A auxiliar de classe Jenifer Ferreira, que estava presente na creche no momento do ataque, também prestou depoimento. Jenifer, emocionada, contou o caos que encontrou quando o agressor invadiu o local. “Eu só vi ele pulando e indo embora, e as crianças machucadas”, disse, enquanto relembrava a cena angustiante.

“A gente revive todo dia essa dor, eu continuo trabalhando lá só por conta das crianças, pelo amor delas”, comentou.




Balanço da manhã:

Na manhã desta quinta-feira, 29, por volta de 8h30, deu início o julgamento do assassino da creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau. Ele é acusado de matar quatro crianças e ferir outras cinco. Saiba agora o que ocorreu nestas primeiras horas do rito do juri, que deve se estender ao longo de todo dia, com possibilidade de ser finalizado também apenas na sexta-feira, 30.

O primeiro a ser ouvido em todo o procedimento foi o delegado do caso, Rodrigo Raitez. Ele contou os detalhes do dia do crime, 5 de abril de 2023. Raitez falou, por exemplo, que o assassino disse a ele que entrou na creche por que queria matar crianças, que seria algo mais fácil. Antes de entrar no CEI ele ainda foi para uma academia, e pagou a mensalidade.

Além de um machadinho, o assassino usou um canivete. Os promotores e advogados que auxiliam a acusação também apresentaram as armas utilizadas no crime.


Armas utilizadas no crime, apresentadas pelo advogado Rodolfo Warmeling. Foto: Marlos Glatz/O Município Blumenau
Segundo o delegado, o acusado fazia parte de grupos de seita nas redes sociais. Além disso, fez pesquisas de machado na internet. O delegado relatou que o assassino utilizava anabolizantes, como trembolona, além de cocaína. “Desde o início, se mostrou calmo, frio e sem remorso algum”, destaca o delegado

Em seguida, um policial civil da Divisão de Investigações deu seu depoimento. Segundo ele, o assassino afirmou: “Logo você vai ficar sabendo”, ao se entregar no batalhão da Polícia Militar. O acusado não relatou qual crime havia cometido, apenas que era “algo grande”.

“Ele falou que queria matar no mínimo 30 crianças. Não consegui levantar o pano para ver as crianças”, ressalta o policial. Emocionado, contou que em 10 anos nunca imaginou viver um momento desse.

Ao fim do depoimento do policial, a mãe de uma vítima – que ficou ferida, mas não faleceu – deu sua versão dos fatos. Entre os detalhes relatados pelo seu filho, ela explica que ele achou que era uma brincadeira. “Ele se escondeu atrás da árvore, achando ser uma brincadeira”. “Tô com saudade do amigo”.

A mãe relatou também que o filho relembra de Enzo, uma das vítimas, às vezes. O caso também gerou alguns traumas. Ele fica assustado ao ver sangue e ocasionalmente lembra do homem, achando que ele vai voltar para pegá-lo.

Em seguida houve o relato de uma profissional da creche. Muito emocionada, ela explicou alguns detalhes, como o fato de que Larissa Maia Toldo, uma das vítimas fatais, não ia durante a manhã para a creche, porém naquele dia foi a primeira vez que precisou ir.

Ela também afirmou que ouviu de uma professora que ele não queria atacá-las, apenas as crianças. A auxiliar de classe conta que não viu o ataque, apenas as crianças feridas e o homem pulando o muro para fugir.

Testemunha de defesa
Ainda na parte da manhã, uma testemunha da defesa foi chamada. Tratava-se de um conhecido do autor dos crimes, que afirmou, em seu depoimento, que o envolvimento com a cocaína transformou negativamente a vida do acusado.

“Era uma pessoa e com a droga virou outra”, destacou a testemunha. Ele contou que, antes das drogas, a amizade era normal. Porém, após a cocaína, o acusado mudou bastante.

DEPOIMENTO DO RÉU:

“Tudo começou quando eu morava com o meu ex-padrasto eu comecei a usar droga, ele me denunciou para os policiais e eles instalaram um chip no meu olho que lia pensamentos”, disse o réu.

O depoimento do acusado durou cerca de nove minutos, e ele respondeu apenas às perguntas do defensor público.

Ao final da sessão, o advogado assistente de acusação, Luiz Felipe Obregon, afirmou que, apesar das alegações de delírio, o réu demonstrou organização e premeditação do crime. “Ele tenta trazer uma situação de delírio, mas, ele tem uma organização, um motivo e uma preparação. Então, vamos garantir que esse monstro não saia mais da cadeia”, disse Obregon.

"Plena consciencia dos seus atos", diz promotoria sobre o réu

Começaram os debates entre a acusação e a defesa no julgamento do autor do ataque à creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, na tarde desta quinta-feira (29). Cada lado tem até uma hora e meia para apresentar seus argumentos. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), representado pelos Promotores de Justiça Guilherme Schmitt e Rodrigo Andrade Viviani, iniciou as exposições, destacando que o réu tinha como objetivo chamar a atenção do maior número possível de pessoas com seu ato.

O MPSC abordou o laudo de insanidade mental, que apontou que o autor possui transtorno de personalidade antissocial, mas que, ainda assim, tinha plena capacidade de entender a gravidade de seus atos. Sobre o uso de drogas, o médico psiquiatra responsável pelo laudo afirmou que o réu não pode ser considerado dependente químico e que estava totalmente consciente durante o cometimento do crime.

José Carlos Goes

Sou locutor tendo atuado em várias emissoras de rádio em Blumenau por quatro décadas. Sou jornalista e trabalhei em vários jornais impressos. Sou blogueiro.

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