Foto: Denner Ovidio/Arte: Fala Goes |
Depois da audiência pública dia 11 de março para discutir os entraves da municipalização do Centro Esportivo do Sesi, a Câmara de Vereadores de Blumenau arregaçou as mangas. Montou uma Comissão Legislativa Temporária Especial de acompanhamento do processo de municipalização e elegeu nesta quinta-feira (14/03) os cargos da comissão e deu início aos trabalhos do grupo neste ano, elencando os primeiros encaminhamentos. O vereador Ailton de Souza - Ito (PL) foi eleito como presidente; o vice-presidente é o vereador Carlos Wagner - Alemão (União Brasil) e como relator ficou o parlamentar Maurício Goll (PSDB), além dos vereadores membros João Beltrame (Podemos) e Rolf Bublitz (PSDB). A comissão tem prazo de 90 dias para a realização dos trabalhos.
A primeira ação foi levar junto a Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte), em Florianópolis um documento solicitando apoio aos clubes Blumenau Esporte Clube e Metropolitano para que possam utilizar o Sesi ainda este ano para a participação do Campeonato Catarinense da Série B, que inicia em maio e segue até agosto.
“O nosso objetivo enquanto comissão e dos clubes é que a Fesporte faça uma intervenção junto à Fiesc para conseguir a liberação para que os clubes possam utilizar o estádio do Sesi durante o período de Campeonato Catarinense da Série B e que os próprios clubes tenham a liberação de poder fazer os investimentos e manutenção para dar condições de jogo ao Sesi. Os próprios clubes fizeram contato com a vice-governadora para intermediar e agendar este encontro de hoje à noite. Nós, da comissão da Câmara, vamos estar presentes, assim como os dois clubes. Eu, pessoalmente, levei o convite para os deputados estaduais de Blumenau para que dentro das possibilidades se façam presentes, assim como também fizemos convite para a participação de representante do Executivo municipal”, explicou o presidente Ito.
Também ficou definido na reunião que a comissão fará o encaminhamento à Procuradoria Geral do Município, fazendo uma consulta da viabilidade e da possibilidade de permitir que os clubes esportivos façam as intervenções no estádio para colocar o espaço em condições de jogo para o Campeonato Catarinense da Série B. Também será feito o mesmo encaminhamento e consulta para a Federação Catarinense de Futebol, solicitando informações da atual situação do Sesi, se existe a possibilidade de fazer esses investimentos e se, futuramente, a Federação vai liberar o espaço.
A audiência pública
Na audiência pública do dia 11 o vice-presidente da Fiesc - Regional do Vale do Itajaí, Ulrich Kühn, apontou que as negociações para a municipalização do Sesi começaram em 2021, quando nasceu o interesse da Prefeitura em absorver o complexo e o interesse por parte do Sesi, da CNI, de transferir esse imóvel para o poder público. Explicou que o Complexo Sesi pertence, é de propriedade da Confederação Nacional da Indústria - CNI e não da Fiesc, que administra o complexo. Apontou que o mais difícil na ocasião foi que a CNI concordasse com o valor que foi negociado entre as partes. Mas no fim o acordo foi feito com a garantia do repasse do valor da compra por parte do Governo do Estado, e que por uma questão de tempos legais a operação financeira não se concluiu a tempo. Informou que entrou no orçamento de 2023 e no fim foi vetado.
Explicou que a partir desse momento as negociações começaram do zero novamente entre a Prefeitura de Blumenau e o Governo do Estado e isso continua até hoje, afirmando que o valor permanece o mesmo de 2021, sem nenhuma correção por parte da CNI. “Existe um compromisso de que a receita oriunda dessa alienação vai ficar em Blumenau, o dinheiro vai ficar em Blumenau dentro de uma escola Sesi de referência para criar os nossos jovens”, garantiu, explicando que no fim a negociação está entre a Prefeitura e o Governo do Estado. Por fim, afirmou que a Federação e a CNI são os primeiros interessados na solução desta situação.
O diretor do Departamento de Competições da Federação Catarinense de Futebol, Carlos Fernando Crispim, afirmou que o futebol de Blumenau carece e clama por uma solução rápida para esta questão do Sesi. Apontou que a Federação Catarinense de Futebol está junto nesse processo, pois deseja que essa situação seja resolvida o mais rápido possível. “Vai ser difícil permanecer o futebol profissional de Blumenau sem a presença da torcida”, afirmou, acrescentando que o trajeto até Ibirama é inseguro e perigoso para os torcedores. Destacou a história de Blumenau no futebol profissional de Santa Catarina. “Não podemos perder essa história. Cada ano que passa do futebol de Blumenau fora da cidade é menos um ano de vida para o futebol profissional de Blumenau”, lamentou, apontando que é preciso envolver todos os entes para buscar uma solução, principalmente da Prefeitura de Blumenau.
O presidente do Clube Atlético Metropolitano, Valdair Matias, falou das tratativas realizadas pelo clube para a possibilidade de alugar o Sesi para os jogos. Apontou que os clubes fizeram o que era possível e opinou que essa situação depende agora do Governo do Estado. Sugeriu que a Câmara de Vereadores se mobilize para agendar uma reunião com o governador de Santa Catarina. “Nós precisamos unir a força política de Blumenau, uma comissão formada por vereadores e tentar uma agenda com o governador do Estado para definir de uma vez essa situação. Não temos mais tempo a perder. O governador de Santa Catarina precisa olhar para Blumenau, não para os clubes, mas sim para a comunidade que gosta de assistir um bom futebol”, salientou.
O presidente do Blumenau Esporte Clube, Carlos Roberto de Oliveira, apontou a necessidade de todos juntarem seus esforços, tanto o BEC, o Metropolitano, a Fiesc e demais entes para buscar o apoio do governador de Santa Catarina. Apontou que nessa situação a rivalidade entre o Metropolitano e o BEC dentro de campo é deixada de lado para unir forças em prol do mesmo objetivo, para beneficiar ambos os torcedores. “O nosso principal objetivo é unir forças para buscar esse apoio do governador. Eu acredito que se o governador garantir a compra, não teria motivo pelo qual a FIESC não poderia nos auxiliar nesse sentido e nesse momento difícil que temos”, apontou, falando das dificuldades financeiras e dívidas que o Blumenau Esporte Clube enfrenta e da dependência do apoio do poder público.
O representante da Liga Blumenauense de Futebol, Osni José Contesini, afirmou que faz parte também desta luta pelo futebol de Blumenau, juntamente com os demais. Destacou a importância de Blumenau ter clubes jogando dentro de casa e como isso fortalece o setor econômico e turístico da cidade, dando o exemplo do Brusque Futebol Clube. “Isso representa muito para a economia do município, o quanto que gera para a rede hoteleira, para os restaurantes quando você tem um clube jogando em casa. Essa é uma luta para hoje”, afirmou.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Blumenau e Região (SINDILOJAS), Emílio Schramm, relembrou o histórico de apoio financeiro dos empresários da cidade ao esporte de Blumenau. Criticou o preço da aquisição do Centro Esportivo Bernardo Werner (SESI), destacando a falta de vontade política.
O representante do Clube Atlético Metropolitano, Francisco José Battistotti, falou da visita que o Metropolitano e o Blumenau Esporte Clube fizeram ao Sesi para verificar as instalações. Foi verificado por parte das equipes que o local precisa de manutenção e reforma no campo. O pedido é de que o presidente da FIESC libere o SESI para sediar os jogos para o campeonato no dia 26 de maio. Também pediu autorização da FIESC para que os clubes da cidade de Blumenau fiquem responsáveis por fazer a manutenção. Além disso, apontou a necessidade dessa autorização, pois, se não, os clubes não terão tempo hábil de realizar as manutenções necessárias se ficarem aguardando pela derrubada do veto ou da negociação.